Prece pela unidade dos Cristãos!

Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, que por vosso Filho quisestes reunir a diversidade das nações num só povo, concedei aos que se gloriam do nome de cristãos rejeitarem toda a divisão e se unirem na verdade e na caridade, e assim todos os homens, iluminados pela luz da verdadeira fé, se reúnam em comunhão fraterna numa só Igreja. Por Cristo, nosso Senhor. Amen!


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Evitar o Purgatório com 10 dicas: FR. PAULO O’SULLIVAN, “COMO EVITAR O PURGATÓRIO”

FR. PAULO O’SULLIVAN, “COMO EVITAR O PURGATÓRIO” Edição de 1945, revista, atualizada e aumentada por:  Fr. Domingos Nunes Martins e Fr. José Carlos Vaz Lucas. 

1º – ELIMINAR A SUA CAUSA

Um dos meios – o primeiro e principal – de evitar o Purgatório é, naturalmente, suprimir a causa que o conduz, isto é, o pecado. Não será fácil, por certo, evitar por completo todos os pecados, sobretudo os mais leves ou menos graves; mas todo o cristão recorrendo com frequência ao auxílio dos sacramentos, consegue evitar o pecado grave ou mortal. Por outro lado, todos podemos evitar o pecado venial deliberado. Ofender a Deus deliberadamente é horroroso. A deliberação intensifica extraordinariamente a malícia do pecado e ofende muito mais a Deus do que muitas faltas cometidas por simples fraqueza. É indispensável também esforçar-se com confiança para acabar com os maus hábitos. Estes, tal como a deliberação, aumentam consideravelmente a malícia do pecado e ofende muito mais a Deus do que muitas faltas cometidas por simples fraqueza. É indispensável também esforçar-se com confiança para acabar com os maus hábitos. Estes, tal como a deliberação, aumentam consideravelmente a malícia do pecado. É muito mais grave uma mentira deliberada do que uma outra dita quase sem refletir. É igualmente, muito mais grave mentir por hábito inveterado do que proferir uma mentira casual. Contou-nos, um dia, uma senhora que tivera, em tempos, o hábito de falar constantemente mal do próximo, mas, depois de ouvir um sermão sobre esse assunto, tomou a resolução de se emendar e cumpriu-a. Esse propósito simples mas enérgico transformou por completo o seu teor de vida, livrou-a de milhares de pecados contra a caridade e dum longuíssimo Purgatório. Haverá alguém incapaz de formar e cumprir igual propósito?...

 A todo o cristão que evitar – e facilmente o pode fazer! – O pecado mortal, o pecado venial deliberado e os maus hábitos, será fácil obter perdão das faltas ocasionais provenientes da fragilidade humana, como veremos mais adiante.

Resolução – Bem andaremos se, quando rezamos o Pai-Nosso, repetirmos com especial fervor e atenção: <Perdoai-nos Senhor, as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido>. São palavras do próprio Deus, que, ditas com frequência e com o fervor, obter-nos-ão, sem dúvida alguma, ao perdão das nossas faltas e a força para não recairmos.

2º – FAZER PENITÊNCIA

O segundo meio de satisfazermos pelos nossos pecados, ainda na vida presente, e evitarmos o Purgatório, é a penitência, é aceitarmos generosamente os sofrimentos que a vida nos ocasiona, como nos pediu Nossa Senhora em Fátima. Se não fizermos penitência, se não sofrermos neste mundo, passaremos longos anos no Purgatório. Esta é uma verdade que não podemos esquecer. A ideia é terrível e faz estremecer o mais corajoso. Quem não treme ao pensar em pessoas queimadas vivas, em incêndios ou por maldade?! No entanto, esta morte horrível, mesmo que o fogo seja lento, dura, quando muito, apenas algumas horas. Porém, o fogo incomparavelmente mais temível do purgatório, que porventura tenhamos que suportar, poderá durar 20, 50, 100 ou mais anos, usando a nossa pobre linguagem humana para falar do além. Confirma-o Nossa Senhora, logo na primeira aparição aos Pastorinhos de Fátima, a 13 de Maio de 1917. Nessa aparição estabeleceu-se em um diálogo entre Nossa Senhora e Lúcia, a mais velha dos três videntes.

Eis a parte desse diálogo:

– << De onde é vossemecê? - Pergunta Lúcia a Nossa Senhora
- Sou do Céu (… )-Responde Nossa Senhora- E eu também vou para o Céu?- Vais, sim.
- E a Jacinta?- Também.
- E o Francisco?
-Também, mas tem de rezar muitos Terços. (…).
- A Maria das Neves já está no Céu?- Está, sim.
- E a Amélia?
- Estará no purgatório, até o fim do mundo>>

 A Maria das Neves e a Amélia eram duas jovens amigas da Lúcia, que haviam falecido há pouco tempo e teriam entre 16 e 20 anos. Fixemos bem a afirmação de Nossa Senhora: <Estará no purgatório até ao fim do mundo>. Quereria Nossa Senhora dizer que a alma daquela jovem sofrerá no Purgatório até o Juízo Final?... Não o sabemos, mas uma coisa é certa: sofrerá no Purgatório durante muito, muito tempo. Por isso, quase no fim do mesmo diálogo entre Nossa Senhora e a Lúcia, a nossa Mãe do Céu perguntou aos Pastorinhos e, através deles, a todos nós: <Quereis oferecer-vos a Deus para suportar os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em atos de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?>. As três crianças responderam afirmativamente, e Nossa Senhora disse-lhes que iriam ter muito que sofrer, mas contariam com a graça de Deus para tudo suportarem. Ora, há muitos que têm um tal horror à penitência que nem por sombras querem pensar nela. Consideram-na uma coisa pavorosa. Lembram-se dos rigores severíssimos de alguns grandes santos e assustam-se com a ideia de terem de fazer algo semelhante. Os que assim pensam incorrem num erro gravíssimo. Habitualmente, Deus não nos pede atos heroicos e, se o faz, como no caso de alguns santos, dá-nos as forças necessárias, como Nossa Senhora declarou aos Pastorinhos de Fátima. Geralmente, Deus pede-nos apenas o cumprimento dos nossos deveres. Será muito pedir a alguém que cumpra os seus deveres, que seja honesto e honrado, que seja, por exemplo, um bom pai, um bom filho, um bom marido, um médico consciencioso, um juiz justo, um comerciante sério? Temos medo de fazer grandes coisas? Façamos, ao menos, pequenas coisas. É covarde quem teme e se recusa a fazer um pequeno esforço, sobretudo se sabe que, em troca, receberá muitíssimo. Quem se recusaria afastar um cêntimo, se soubesse que em troca receberia mil euros?! Hoje, todos conhecem Santa Teresinha do Menino Jesus. O seu caminho fácil consistiu precisamente em praticar numerosas pequenas mortificações, aceitar de boamente as pequenas contrariedades da vida. Como nos asseguram os evangelistas São Lucas e São Marcos, agradou infinitamente ao Senhor a pequenina esmola da viúva pobre; do mesmo modo, Lhe agradarão as nossas pequenas penitências. Por meio delas podemos livrar-nos das chamas ardentes do purgatório e armazenas grandes tesouros no Céu. Se refletirmos melhor no assunto, veremos que não são grandes as dificuldades em praticar a mortificação e a penitência, não obstante o medo absurdo que delas habitualmente se tem. A penitência, além de não ser difícil de praticar, é útil, necessária e fonte de grandes bens. Vejamos: qualquer membro da sociedade se mortifica natural e instintivamente. A primeira regra da boa educação consiste em sacrificarmos os nossos gostos para satisfazermos os outros; e enquanto que o egoísta se torna antipático, a pessoa amável é estimada por todos. Assim, também, se quisermos conservar a saúde, temos de pôr de parte determinado os alimentos que nos agradam mas nos fazem mal, e comer, de preferência, alimentos simples que nos são mais proveitosos. Outro exemplo: o segredo do nosso sucesso está no trabalho regular, constante e metódico. Ora, a generosidade, a abnegação, o método, a regularidade são apenas formas diferentes de genuína e prática mortificação. E não se pode passar sem elas. Se persistirmos nas nossas simpatias e antipatias e em fazermos exclusivamente a nossa vontade, transformamos a vida numa série de dificuldades em que todo o dever assume o aspeto dum encargo penoso, e todo o ato bom se torna esforço e fadiga. É segredo de grande estima fazer do dever um prazer. Um jovem que estuda com gosto, além de não sentir tédio, experimenta verdadeira satisfação nos seus estudos. Por outro lado, faz mais progressos do que outros, talvez mais inteligentes mas que tomam o estudo como obrigação. O advogado que exerce a sua profissão com alma e coração, ou o médico que sente prazer no seu trabalho chegam a ser, indubitavelmente, mais tarde ou mais cedo, sumidades nas suas respectivas profissões. Os escuteiros comprometem-se a praticar todos os dias uma boa ação, ainda que lhes exija sacrifício. O cristão deve, evidentemente, ser mais exigente consigo próprio; Atos de paciência e de amabilidade para com os outros, o perfeito cumprimento do dever contribuem muitíssimo para a nossa felicidade e, ao mesmo tempo, constituem esplêndidas penitências.

Resolução – Se temos medo de fazer muito, façamos, pelo menos, um pouco. Façamos do dever a nossa alegria. Ofereçamos de boamente, por amor de Deus, as mil e uma contrariedades da vida. Aceitemos com serenidade o bom e o mau tempo, as dores e as alegrias da vida. Vivamos em boa harmonia com os outros, embora tenham ideias e temperamentos diferentes dos nossos. Aqui temos excelentes penitências de grande valor.

  3º ACEITAR O SOFRIMENTO

A terceira forma de evitar o Purgatório é facílima. Consiste em fazer da necessidade virtude e em suportar com paciência o que se não evitar, tendo presente que o sofrimento, suportado com paciência, torna-se fácil e leve. A dor aceite com serenidade e por amor de Deus perde a sua amargura. Se, pelo contrário, a recebemos mal, com espírito de revolta e repugnância, centuplica se e acaba por se tornar intolerável. Todos nós, neste vale de lágrimas temos de padecer um sem-número de tristezas e de infinita variedade. Cruzes leves, cruzes pesadas, tal a sorte de toda a gente e, por estranho que pareça, estes males que, na maioria das vezes, dispensaríamos, são, na verdade, a maior graça de Deus. São a parte que Ele nos dá da sua Paixão, pedindo-nos que a aceitemos e soframos por seu amor e em remissão dos nossos pecados. Aceite e levado neste espírito, o sofrimento diminuirá sensivelmente o nosso tempo de purgatório e é possível até que o evite totalmente. O Purgatório - mesmo que por lá fiquemos cem anos - não aumentará nada os nossos méritos para o Céu, enquanto que as dores desta vida nos diminuirão o sofrimento no Purgatório, e proporcionar-nos-ão um muito maior grau de felicidade no Céu. Que pena que, por não pensarem nisto, tantos cristãos percam uma tal quantidade de graças maravilhosas e intensifiquem horrivelmente os seus sofrimentos nesta vida e na outra.

Resolução - Soframos serena e tranquilamente as dores da vida presente em penitência pelos nossos pecados. Aceitemos a vontade de Deus em nossa vida, como rezamos na oração do pai Nosso: <Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu>.

 4º O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

A quarta forma de reduzir o nosso tempo de Purgatório ou de o evitar de todo, é o recurso ao sacramento da Penitência ou Confissão frequente, à sagrada Comunhão e à participação diária na santa Missa se possível. A Confissão aplica às nossas almas o Sangue preciosíssimo de Cristo, apaga os nossos pecados, dá-nos a conhecer a sua malícia, enche-nos de horror ao pecado e dá-nos a graça necessária para o evitarmos. Na sagrada Comunhão recebemos o Deus bondosíssimo e de infinita misericórdia, não apenas na nossa casa, como Zaqueu, mas nos nossos corações. Ele vem expressamente para nos perdoar e nos ajudar a resistir às tentações, a fim de não recairmos no pecado. Jesus visitou Zaqueu uma só vez e bastou essa única visita para que ele obtivesse o perdão de todos os seus pecados. Como seria possível que esse mesmo Deus de bondade e doçura infinitas viesse à nossa alma na sagrada Eucaristia e não nos mimoseasse com as mesmas graças e outras ainda maiores?! A Zaqueu visitou-o uma só vez, mas a nós, se o quisermos, visitar-nos-á todos os dias ao longo de 30, 40, 70 e mais anos. Muitos há, infelizmente, que, por desleixo, não gozam nunca das imensas consolações da sagrada Comunhão! A santa Missa é o mesmo Sacrifício do Calvário, na sua essência, no seu valor, nas graças que confere. O Sacrifício do Calvário salvou o mundo inteiro, milhões e milhões de almas, e bastaria para salvar outros mundos sem conta, repletos de pecados, se existissem. Participando na Missa, podemos aplicar todos estes oceanos de graças à nossa própria alma.

Resolução - Se pudermos, participemos diariamente na santa Missa e recebamos a Sagrada Comunhão. Nada de melhor poderemos fazer.

 5º - A ORAÇÃO DE IMPETRAÇÃO

Alguns católicos possuem um segredo mas importante que vale a pena revelarmos aqui, para utilidade de todos. De maneira solene Deus promete - e Ele nunca falta à palavra dada! - Que tudo quanto pedirmos na oração Ele no-lo concederá, contanto que seja para nosso bem. Sem dúvida, é um grande bem evitar o Purgatório, e constitui uma graça que Deus nos concederá com enorme satisfação. Ora, duas condições tornam particularmente infalível a nossa oração: a fé e a perseverança. Deus não pode rejeitar súplicas feitas com fervor e confiadamente. Esses católicos a que nos referimos pedem expressamente a Deus, todos os dias da sua vida, em todas as suas orações, em todas as Missas em que participam, em todas as Comunhões que recebem, em todas as boas obras que praticam, uma morte santa e que sejam livres do Purgatório. Mas como poderemos alcançar tal graça? O Senhor decidirá. Poderá, por exemplo, dar-nos a graça de fazermos um ato de perfeita contrição e todas as nossas faltas, como deu ao bom ladrão na Cruz. Como poderá Deus deixar de atender estas orações incessantes, repetidas quotidianamente e numerosas vezes ao dia, durante 20, 30 ou 50 anos?

Resolução - Nas nossas orações, missas, comunhões e boas obras tenhamos a expressa intenção de pedir a Deus fervorosamente que nos dê uma morte santa e que nos livre do Purgatório. Se refletirmos bem, não deixaremos de o fazer.

 6º ACEITAR RESIGNADAMENTE A MORTE

Alguns grandes santos propõem-nos outra forma de evitar o Purgatório. Dizem eles que quando um doente se dá conta que vai morrer e oferece a Deus a sua morte com total resignação, é muito provável que vá direto ao Céu. A morte é o castigo pavoroso infligido por Deus pelo pecado. Constitui a maior penitência, a maior reparação que podemos fazer. Quando a aceitamos pelos nossos pecados - como o devemos fazer! - Submissa e resignadamente, esse nosso ato agrada tanto a Deus que pode satisfazer plenamente pelas nossas culpas. A morte mais santa - e eu diria mesmo mais feliz! - Será morrer no dia, na hora, no lugar e da maneira que Deus quer. Era este, sem dúvida, o pensamento do Papa São Pio X quando concedeu uma indulgência plenária, à hora da morte, a quem disse, pelo menos uma vez na vida, depois da sagrada Comunhão, a seguinte oração: <Senhor meu Deus, aceito desde já de boa vontade e recebo com alegria e resignação o gênero de morte que Vos aprouver mandar-me com as dores e sofrimentos>. Muito melhor ainda será dizer esta oração depois de todas as Comunhões que recebermos. É do nosso maior interesse aceitarmos a vontade de Deus em tudo quanto nos acontece na vida e na morte. Nada de mais fácil quando nos lembrarmos que Deus deseja sempre aquilo que é melhor para nós. Se formos contra a sua vontade, por força que havemos de sofrer; fazendo a sua vontade, estamos seguros.

Resolução - Repitamos muitas vezes a jaculatória: <Seja feita a Vossa vontade>. Assim transformamos as mágoas desta vida em imensos méritos para o Céu.

 7º RECEBER A UNÇÃO DOS DOENTES

Deu-nos o próprio Deus um sacramento cujo fim é levar-nos diretamente para o Céu: a Unção dos Doentes, instituída especialmente, segundo São Tomás de Aquino e Santo Alberto Magno, ilustre membros da Ordem Dominicana, para nos obter a graça duma santa morte, e para nos preparar de modo de entrarmos imediatamente no Céu após a morte. Numerosos são os católicos que não compreendem esta doutrina tão consoladora e, porque a não compreendem, não se preparam devidamente para receber este sacramento tão valiosos para o moribundo, e assim desperdiçam muitas das suas graças. O sacramento do Baptismo purifica completamente a ala de todo o pecado. O sacramento da Ordem confere ao sacerdote os seus imensos poderes. O sacramento do Matrimonio santifica a união entre o homem e a mulher. Da mesma forma, o sacramento da Unção dos Doentes, devidamente recebido, prepara o moribundo para entrar imediatamente no Céu, livrando-o, assim, do Purgatório. O concílio do vaticano II declara que a <Unção dos doentes não é sacramento apenas dos que se encontram no último transe da vida. Por isso, considera-se tempo oportuno para o receber quando o fiel começa, por uma doença ou velhice, a estar em perigo de vida>. Se, durante uma enfermidade, o doente receber o sacramento e depois convalescer e recair de novo, ou se, no decurso da mesma doença, o seu estado se tornar mais grave, o doente pode e deve voltar a receber o sacramento. Este sacramento <<é uma graça do Espírito Santo, cuja Unção apaga os pecados ainda não expiados bem como os vestígios do pecado, alivia e conforta o ânimo do doente, despertando nele uma grande confiança na misericórdia divina. Assim confortado, o doente suporta melhor os incômodos e sofrimentos da doença e resiste mais facilmente às tentações com que o demônio o assalta e até, se for conveniente para a salvação da sua alma, obtém por vezes a saúde do corpo>É uma Graça do Espírito Santo, cuja Unção apaga os pecados ainda não expiados bem como os vestígios do pecado, alivia e conforta o ânimo do doente, despertando nele uma grande confiança na misericórdia divina. Assim confortado, o doente suporta melhor os incômodos e sofrimentos da doença e resiste mais facilmente às tentações com que o demónio o assalta e até, se for conveniente para a salvação da sua alma, obtém por vezes a saúde do corpo>. Enfim, a Unção dos Doentes dá-nos uma morte santa. Que loucura, por conseguinte, deixar a receção deste sacramento para muito tarde, para quando o doente já está exausto a ponto de não poder conscientemente e com o devido fervor o sacramento que poderia levá-lo a entrar no Céu logo após a morte. A morte é o momento supremo da vida; é nesse momento que se decide a nossa eternidade.

Resolução – Recebamos o mais cedo possível a Unção dos Doentes, quando estivermos seriamente mal, e recebamo-la várias vezes se a doença se prolongar. Não esperemos pelos últimos momentos de vida para pedirmos e recebermos o sagrado Viático.

 8º SALVAR UMA ALMA

Nas últimas palavras da sua Carta (5, 19-20), o Apóstolo São Tiago ensina-nos outro meio de evitarmos o Purgatório. Diz-nos ele: <Meus irmãos, se algum de vós se extravia da verdade e alguém o converte, saiba que aquele que converte um pecador do seu erro salvará da morte sua alma e obterá o perdão de muitos pecados>. Com efeito, se alguém tivesse a felicidade de salvar duma morte horrível o filho único dum rei, herdeiro do trono, que recompensa não poderia esperar do Soberano?! No entanto, nenhum rei ficaria tão grato e empenhado em recompensar a pessoa que lhe salvasse o filho, quanto Deus recompensa quem salva do inferno uma só alma. Todos nós, de mil maneiras diferentes, podemos salvar não só uma mas muitíssimas almas. Concretamente, podemos fazê-lo rezando por elas. Quantas vezes, pelas suas orações, não salva uma mãe a alma da do seu filho! Dando bons conselhos e bons exemplos. Quanto jovens não devem as suas mais belas virtudes da alma e coração aos conselhos e exemplos dum pai ou dum amigo! O autor destas linhas deve os maiores benefícios da sua vida aos bons conselhos e exemplos de alguns dos seus professores e outros bons amigos. Pelo contrário, quantos milhares de pessoas que poderiam estar no Céu, se encontram no inferno devido a péssimas conversas, conselhos e exemplos de maus companheiros!

Resolução – Esforcemo-nos, através de uma vida cristã exemplar, por conduzir ou reconduzir ao bom caminho os extraviados que se cruzam connosco.

 9º - AS INDULGÊNCIAS

Deus, na sua infinita misericórdia, oferece-nos um meio facílimo de encurtar, ou mesmo de suprimir o tempo que deveríamos sofrer no purgatório. Conhecedor da nossa fraqueza e sabendo, além disso, que a maior parte das pessoas temem as penitências e procuram evitá-las, o Senhor abre de par em par os tesouros da sua bondade e oferece-nos abundantes indulgências em troco de algumas boas obras, de algum sofrimento pacientemente suportado e de alguns atos de devoção. Com as indulgências a alma obtém o perdão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, perdão <que o fiel devidamente disposto e em condições determinadas, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribuí e aplica o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos>. <A indulgência é parcial ou plenária conforme me liberta parcial ou totalmente da pena temporal devida pelos pecados. Tanto as indulgências parciais como as plenárias podem sempre aplicar-se aos defuntos por modo de sufrágio>. São numerosas as circunstâncias em que é possível lucrar indulgências, quer parciais quer plenárias. Recordemos apenas algumas:

1º - INDULGÊNCIAS parciais - É muito fácil o acesso às indulgências parciais; por exemplo, concede-se indulgência parcial ao fiel que:

·          No cumprimento dos seus deveres e ao suportar as dificuldades da vida, eleva a Deus a sua alma com humilde confiança, e junta, ainda que só mentalmente, alguma invocação piedosa;

·         Levado pelo espírito de fé, se dedica a servir misericordiosamente, por si mesmo ou pelos seus bens, os irmãos necessitados;

·          Por espírito de penitência, espontaneamente se abstém duma coisa lícita e agradável;

·         Usa devotamente um objeto de piedade (crucifixo ou cruz, terço, escapulário, medalha) devotamente benzido por qualquer sacerdote ou diácono;

·         Reza piedosamente: a oração do Ângelus, conhecida por "A Trindades" ou "As ave Marias"; a Salve, Rainha; a oração a Nossa Senhora "Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria...", ou "À Vossa proteção..."; a oração á São José: “Ó bem-aventurado São José...”; a oração ao Anjo da Guarda “Santo Anjo do Senhor...”; qualquer dos atos das virtudes teologais e de contrição; o Credo; as ladainhas de Nossa Senhora, ou do Sangrado Coração de Jesus, ou de S. José, e outras; o “Magnificat”; a oração pelos defuntos “Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso...”;

·          Faz a comunhão espiritual, com qualquer fórmula piedosa lícita; o sinal da cruz, pronunciando as palavras rituais: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.

·         Também com piedosas invocações ou jaculatórias se podem lucrar muitíssimas indulgências. Mas, atenção! Quanto a indulgência, a invocação não se considera como obra completa ou distinta, mas como complemento da obra com que o fiel, cumprindo os seus deveres ou suportando as agruras da vida, eleva humildemente a sua alma a Deus. Com efeito, a invocação piedosa completa a elevação da mente; as duas são como que pedra preciosas que se inserem nas atividades vulgares e as adornam, e são também como o sal com que se condimentam essas atividades. A invocação pode ser brevíssima, expressa numa ou poucas palavras ou dita apenas mentalmente. Há um sem-número de invocações indulgenciadas. Indicamos apenas algumas, a título de exemplo: Meu Deus - Pai - Jesus - Creio em Vós, Senhor – Espero em Vós – Amovo-vos – Bendito seja Deus – Seja feita a vossa vontade – Meu Deus, ajudai-me – Ouve-me, Senhor – Salvai-me, Senhor – Perdoai-me, Senhor – Avé, Maria – Glória a Deus nas alturas – Sagrado Coração de Jesus, eu tenho confiança em Vós! – Senhor, ensinai-me a fazer a vossa vontade, porque sois o meu Deus! – Senhor, aumentai a nossa fé! – Meu Senhor e meu Deus! – Doce Coração de Maria, sede a minha salvação! – Jesus, Maria, José  – Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso! – Rogai por nós, santa mãe de Deus,para que sejamos dignos das promessas de Cristo! – Santa Maria, rogai por nós! – Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo! 2º-

 

2º INDULGÊNCIAS PLENÁRIAS – Além de um imenso número de indulgências parciais, há muitas indulgências plenárias que podem ganhar-se durante a vida e à hora da morte. Estas indulgências são especialmente concedidas pela Igreja para nos livrar do Purgatório. Podemos ganhá-las por nossa a própria intenção, e assim satisfazemos diretamente pelos nossos pecados; ou podemos aplicá-las pelas almas do Purgatório, que decerto não nos deixarão perder pela nossa generosidade. Pode-se lucrar-se indulgência plenária (Necessário, fazer a confissão no Sacramento da Reconciliação nos até 8 dias antes ou depois da indulgência aplicada e Oração ao Papa; nota acrescentada), por exemplo:

    Fazendo adoração ao Santíssimo Sacramento, durante pelo menos meia hora;

·         Lendo, com veneração devida a Palavra de Deus, a modo de leitura espiritual, a Sagrada Escritura durante meia hora, pelo menos; se a leitura durar menos tempo, concede-se indulgência parcial;

·         Recitando o Terço (ou o Rosário completo) numa igreja ou num oratório onde esteja o Santíssimo Sacramento, em família ou comunidade (duas pessoas já formam uma comunidade); nas outras circunstâncias concede-se indulgência parcial;

·          Fazendo o piedoso exercício da Via-Sacra;

·         Visitando devotamente o Cemitério e nele orando, ainda que só mentalmente, pelos defuntos, em cada um dos primeiros oito dias do mês de Novembro.

·       Refletindo bem neste imenso tesouro das indulgências, que a Igreja generosamente nos oferece, em nosso benefício pessoal e em benefício das santas almas do Purgatório, quem ousará desperdiçá-lo? Por um lado, este tesouro pode livrar-nos dos tormentos do Purgatório; por outro lado, quantas e quantas almas não podemos libertar, diariamente, do seu dolorosíssimo cativeiro do Purgatório?! Para lucrar as indulgências, é indispensável estar na graça de Deus e ter a intenção de as lucrar; por isso, habituemo-nos a formular, de vez em quando, essa intenção. Por que não o fazer, por exemplo, no início de cada ano?

Resolução - Façamos por adquirir o maior número possível de indulgências, em favor das almas do Purgatório e também em nosso favor.

 

10º - DIFUNDIR A BOA IMPRENSA

Outra forma fácil e eficaz de salvar muitas almas é difundir a boa imprensa junto de amigos e companheiros de trabalho ou de lazer. A incrível ignorância religiosa, a apatia e indiferença de numerosas pessoas que se dizem católicas é um dos grandes males dos nossos dias. Enquanto que muitos dos não católicos se empenham intensamente na difusão das suas nefastas ideias e doutrinas anti-cristãs, numerosos considerados católicos pouco ou nada se esforçam por dar a conhecer a verdadeira doutrina. Que contraste entre a atitude dos inimigos da Igreja e a dos que se dizem seus seguidores e defensores! Aqueles ameaçam o mundo inteiro com a sua propaganda; estes ficam criminosamente indiferentes. Hoje em dia, um dos mais importantes deveres dos católicos é, sem dúvida nenhuma, darem a conhecer e aconselharem a leitura de boas publicações de caráter cristão, que, felizmente, não faltam e transmitem mensagens que penetram no coração dos leitores e os encaminham para Deus. É escusado falar, proferir lamentações banais; impõe-se o trabalho, a ação intensa. É o que deseja o Santo Padre e toda a Santa Igreja. O autor destas linhas conviveu muitos anos, de perto, com um autêntico católico que converteu numerosas pessoas através da boa imprensa. Apesar de ter um rancho de 9 filhos para sustentar, e dispor exclusivamente do rendimento do seu trabalho, comprava revistas de índole cristã e oferecia-as a pessoas desleixadas nos seus deveres cristãos ou que trilhavam maus caminhos. Bastantes dessas pessoas, fortalecidas por boa doutrina, modificaram-se e enveredaram por caminhos de salvação. Quem duvida de que este grande apóstolo, ao partir para casa do Pai, ouviu d'Este estas consoladoras palavras: <Entra no gozo do teu Senhor>? (Mt 25,21). Numa palavra: é preciso opor propaganda. Neste momento lutamos pela vida, e tantos que se apresentam como católicos parecem - se não o estão mesmo! - Adormecidos. É forçoso acordar, abrir os olhos, senão, em pouco tempo, corremos o risco de vermos entre nós a mais deplorável ignorância religiosa. O mundo está em cima dum vulcão. Despertemos enquanto é tempo!

Resolução - Na medida das nossas possibilidades, ajudemos a boa imprensa, dêmo-la a conhecer e difundamo-la.

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