FR. PAULO O’SULLIVAN, “COMO EVITAR O PURGATÓRIO” Edição de 1945, revista, atualizada e aumentada por: Fr. Domingos Nunes Martins e Fr. José Carlos Vaz Lucas.
OBJETIVO DESTE OPÚSCULO
Tendo vindo ao mundo para nos salvar, Jesus deixou-nos a lei do amor e uma doutrina tão consoladora que, bem vivida, satisfaz plenamente os pobres corações humanos, sedentos de felicidade. Todos os conselhos, mandamentos e promessas do nosso divino Salvador respiram misericórdia e amor. Não parece, pois, estar de harmonia com este amoroso e misericordioso plano redentor a ideia generalizada entre os cristãos de que, após a morte, quase todos terão de experimentar, durante um período mais menos longo, falando à maneira humana, os dolorosíssimos tormentos do purgatório, onde <a alma expia a pena devida pelos seus pecados, que ainda não tenha sido satisfeitas pelas penitências da vida terrena>. Com efeito, pretendem muitos justificar esta ideia alegando a grande fraqueza humana, que nos leva a incorrer em numerosas faltas, e a rigorosa justiça divina. Sim, não podemos negar estas verdades; tenhamos, porém, sempre presentes outras verdades imensamente consoladoras: por um lado, o amor e a misericórdia de Deus superam incomparavelmente todas as suas obras, e, por outro, Deus dá-nos todos os dias graça e força para robustecer a nossa fragilidade.
Mais: põe ao nosso dispor meios pelos quais podemos
satisfazer pelos pecados cometidos. Infelizmente, esta verdade tão consoladora
passar despercebida a muitos cristãos que, por isso, ficam desencorajados e não
aproveitam os meios fáceis que Deus lhes proporciona para satisfazerem a Sua justiça
na vida presente. É evidente que quem continua a pecar deliberada e
obstinadamente e rejeita os numerosíssimos meios de purificação oferecidos por
Deus, se condena ele próprio ao purgatório. Este opúsculo tem por objetivo dar
a conhecer os meios através dos quais o cristão pode evitar o Purgatório, ou
abreviá-lo consideravelmente SERÁ POSSÍVEL EVITAR O PURGATÓRIO? SEM DÚVIDA QUE
SIM! Julgam muitos que o cristão não pode evitar o Purgatório: <
“A Igreja, como todos sabemos, é santa. Cristo amou-a e deu a sua vida por ela, a fim de a santificar. Daqui o ter a Igreja proposto a todos os fiéis o exemplo de Cristo, que no seu sermão da montanha dirigiu a todos os homens a promessa das bem-aventuranças.”
Podem as almas santas do Purgatório ajudar-nos a evitá-lo?
As almas que aliviámos quando sofriam no
Purgatório ou que salvámos com as nossas boas obras, orações e, sobretudo, com
as Missas em que participámos, uma vez libertas do Purgatório e participantes
da Igreja Triunfante, movidas pela virtude da caridade, intercedem
fervorosamente pelos membros da Igreja Peregrina, da qual fazemos parte. E,
como é natural, intercederão de modo muito particular por quem as ajudou a
libertar-se da prisão do Purgatório. Uma das principais graças que pedem para
os seus amigos é que venham a sofrer pouco ou nada no Purgatório. Ninguém como
elas conhece a terrível intensidade das chamas do Purgatório, e, por
conseguinte, ninguém como elas pode interceder por nós com tanto empenho, com
tanto fervor e com tanto intensidade. A este propósito, afirma o insigne
teólogo dominicano S. Tomás de Aquino: <
Tenhamos bem presente que:
a) O Senhor toma como feito a Si mesmo tudo quanto fazemos pelos outros. Quando aliviamos uma alma ou conseguimos libertá-la, é como se aliviássemos ou libertássemos o próprio Deus. Como não estará, portanto, Ele pronto a escutar as orações, em nosso favor, das almas santas que resgatávamos do Purgatório?!
b) Como nos diz o evangelista São
Mateus (7,2), Cristo estabeleceu claramente esta importante lei: <
c) Quem se esforça, devota e assiduamente, por aliviar as santas Almas poderá esperar que lhe seja perdoado, ou muito reduzido, o tempo que devia passar no Purgatório. Ao invés, aqueles que se desleixam em aliviar as santas Almas, devem temer um julgamento severo e um longo Purgatório.
Resolução - Ofereçamos pelas Almas o nosso trabalho, as nossas boas obras, os nossos sofrimentos e, acima de tudo, o valor infinito das Santas Missas em que participarmos.
<A Igreja também nos ensina que as almas do purgatório são socorridas pelas orações, esmolas, sacrifícios e boas obras. E porque não sabemos se os nossos falecidos precisam ou não de orações, porque a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios, convém rezar, rezar sempre, porque a oração traz consigo a esperança.
De entre multidões de santos não estão, nem podiam estar, como é óbvio, apenas os canonizados, mas todos quantos puseram em prática a mensagem de Jesus expressa no Evangelho: o amor.
Cristo deu-nos o exemplo com a sua morte, alertando-nos que, para quem crê, ela (morte) é apenas a porta de entrada para uma eternidade feliz, se vivemos e morremos na graça de Deus.
O gim da nossa vida física é para os homens a única certeza absoluta, e a ressurreição, a nossa esperança no eterno.
Chamar à nossa presença a memória dos defuntos e antepassados é reverenciar o espírito dos mortos, para aprender a viver melhor o resto dos nossos dias.
Não nos esqueçamos, pois, que “para todas as coisas há o momento certo: Há o tempo de nascer e o tempo de morrer” (Eclo.3.) E a propósito, São Paulo escreveu: “Embora o nosso corpo se vá desfazendo, o nosso interior vai-se renovando a cada dia” (2 Cor. 4,16).
Sejamos perseverantes na oração. Deus, que ressuscitou seu Filho, também nos há de ressuscitar, como forma de estar com Cristo. >
COMO EVITAR
O PURGATÓRIO
A razão pela qual, depois da morte, teremos de passar pelo Purgatório e não havermos satisfeito plenamente, na vida terrena, pelos pecados cometidos. Todo o pecado individual tem de ser expiado nesta vida ou na outra. Nem a mais leve sombra de mal é admitida na santíssima presença de Deus. Quanto mais graves e repetidos forem os pecados, tanto mais longo será o período de expiação e tanto mais intensa a dor que teremos de sofrer. A culpa não é de Deus, claro está, nem se vai para o purgatório por desejo d’Ele. A culpa é inteiramente nossa: pecamos e não satisfazemos pelo mal cometido. Mas, mesmo depois do pecado, Deus, na sua infinita bondade e misericórdia, coloca à nossa disposição muitos meios fáceis e eficazes, pelos quais podemos abreviar substancialmente o tempo da nossa expiação, ou até suprimi-lo totalmente. Muitos cristãos, porém, com incompreensível leviandade, não recorrem a esses meios e, por conseguinte, são forçados a pagar as suas dívidas na terrível prisão do Purgatório. Lembremos, brevemente, dez meios de evitar o Purgatório ou, pelo menos, de abreviar a sua duração. A ordem dos meios aqui apresentada é aleatória, não pretendendo indicar qualquer superioridade dum meio sobre outro, embora um meio possa ser mais eficaz do que outro.
“Os santos são todos quantos merecem a recompensa do céu: pobres em espírito; pobres, porque desprendidos dos bens do mundo, mansos, atribulados, justos, misericordiosos, puros, pacíficos e perseguidos por causa do testemunho da sua fé.”
Que Deus nos Abençoe!
Continuação: Post: Evitar o purgatório com 10 dicas...
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